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quinta-feira, 25 de junho de 2009

O Presbiterato

Rev. Rosalvo S. Maciel

“Fiel é a palavra: se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja.” (I Tm 3.1)

É comum pensarmos em presbítero somente em contexto de Novo Testamento. Isso ocorre devido ao fato de que essa nomenclatura aparece somente nas epístolas desta parte das Escrituras. Isso, porém, não corresponde aos fatos.
Antes de entendermos como o presbiterato está evidente em boa parte também do Antigo Testamento, se faz necessário entendermos qual o sentido das palavras que correspondem a esse ofício. A palavra “presbítero” (presbyteros) era usada no contexto da igreja primitiva para designar um ancião, um homem mais velho; “Presbíteros” – “anciãos” – geralmente os mais velhos eram levantados como líderes da comunidade devido a experiência e a maturidade.
Outras palavras eram usadas intercambiando com esta; exemplo: episcopado (Episcope), bispo; essa palavra se referia a supervisores. Vamos encontrar a palavra “episcopos” se referindo a “presbíteros” como palavra substituta dando idéia de que elas tinham o mesmo sentido no contexto da igreja primitiva (At 20.17-18; Tt 1.5-9); nesse contexto os líderes eram chamados de presbíteros referindo-se a idade ou a dignidade do ofício e chamados de supervisores ou superintendentes quanto à natureza de sua tarefa.
Havia o entendimento de que os presbíteros eram governantes. No Velho Testamento eles se faziam presentes na liderança do povo de Deus. Desde os tempos do Velho Testamento o povo de Deus tem sido governado por presbíteros. Em Ex 3.16 lemos: “Vai, ajunta os anciãos de Israel e dize-lhes: O Senhor, o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó, me apareceu, dizendo: Em verdade vos tenho visitado e visto o que vos tem sido feito no Egito.” Havia uma liderança representando o povo e que foi visitada por Moisés segundo palavra do Senhor. Esses líderes aparecem sob o comando de Moisés desde esse momento até as margens da terra prometida e está presente sob o comando de Josué, no período dos juízes, dos reis, do exílio, do pós-exílio, evidenciando que em todo o período do Antigo Testamento existiam homens que formavam uma liderança sobre as tribos de Israel.
No Antigo Testamento os anciãos do povo estão freqüentemente juntos de Moisés quando esse lidava com o povo. Em Ex 17.5 lemos: “Respondeu o Senhor a Moisés: Passa adiante do povo e toma contigo alguns dos anciãos de Israel, leva contigo em mão a vara com que feriste o rio e vai.” (Ver também Ex 4.29; 18.12; 19.17; 24.1,11). Em Nm 11.16, o Senhor ordena que Moisés os selecione: “Disse o Senhor a Moisés: Ajunta-me setenta homens dos anciãos de Israel, que sabes serem anciãos e superintendentes do povo; e os trarás perante a tenda da congregação, para que assistam ali comigo.”
No período dos juízes eles aparecem administrando o governo local ( Jz 8.14): “Deteve a um moço de Sucote e lhe fez perguntas; o moço deu por escrito o nome dos príncipes e anciãos de Sucote, setenta e sete homens.” (Ver também Js 20.4; Rt 4.2). De acordo com I Samuel 4.3, eles participavam dos negócios da nação; isso ocorreu mesmo depois da monarquia instalada. Em I Samuel 8 o povo pede um rei; no verso 4 diz que os anciãos eram os que estavam lá: “Então, os anciãos todos de Israel se congregaram, e vieram a Samuel, a Ramá...” (Ver também I Sm 30.26; II Sm 3.17; 5.3; I Rs 21.8).
No período do exílio esses anciãos passaram a ter grande destaque. Em Ezequiel 20.1 diz: “No quinto mês, vieram alguns dos anciãos de Israel para consultar ao Senhor; e assentaram-se diante de mim.” (Ver também Jr 29.1; Ez 14.1). Depois do exílio eles se associam na administração e reconstrução de Israel: “Perguntamos aos anciãos e assim lhes dissemos: Quem vos deu ordem para edificardes esta casa e restaurardes este muro?” (Ed 5.9; ver também 6.7; 10.14).
No período conhecido como interbíblico o termo “anciãos” é aplicado aos membros do Sinédrio judaico. No período dos macabeus eles eram conhecidos como “os sete de uma cidade”. Geralmente para um determinado grupo de 120 pessoas, 7 anciãos eram levantados como líderes do povo. Entendia-se, baseado em Nm 11.26ss, que Moisés havia instituído essa liderança quando nomeou os setenta anciãos em Israel.
No Novo Testamento os anciãos estão associados aos escribas que fizeram Cristo padecer na cruz. Na igreja primitiva os anciãos ou presbíteros aparecem já no início da igreja. Juntamente com Tiago assumem o comando da igreja em Jerusalém (At 21.18). Paulo e Barnabé instituíram presbíteros em toda igreja que fundaram (At 14.23).
No Novo Testamento a palavra “Presbítero” é aplicada mais no sentido de maturidade espiritual do que relacionada a idade do indivíduo. A função desse ofício era supervisionar o rebanho. Era dever dele estar diante do rebanho conduzindo-o e pastoreando-o para que fossem bem alimentados e protegidos dos ataques sutis das heresias e das falsas doutrinas.
O sistema presbiteriano tem a sua base no entendimento de que o modelo apostólico de governo tinha como estrutura um colegiado de presbíteros.
Esse sistema de governo assegura à igreja a coerência e a maturidade nas deliberações. Posso lhe citar dois modelos de governo para mostrar-lhe que o sistema representativo de governo praticado pela igreja presbiteriana trata-se do modelo mais seguro e eficaz para se governar com justiça e perfeito equilíbrio; não quero dizer que é um sistema isento de falhas, nenhum sistema está imune a isso, mas posso afirmar que é o que mais resguarda a igreja de cometer falhas.
O primeiro sistema que destaco é o “Congregacional”(adotado por exemplo pelos batistas); nesse sistema todos participam igualmente do governo da igreja; há uma participação efetiva de todos os membros nas decisões de questões cruciais da vida da igreja local. Isso é muito perigoso haja vista que nem todos os membros de uma igreja encontram-se preparados e amadurecidos o suficiente para deliberar em questões diversas referentes à igreja.
Um outro modelo é o “Episcopal” (adotado pela igreja da Inglaterra e por várias igrejas onde existe uma hierarquia na qual os pastores estão subordinados a um bispo); nesse sistema facilmente um só indivíduo que é responsável pela igreja (no caso o pastor) tem poderes para deliberar sobre tudo o que diz respeito a vida da igreja. Nesse caso os erros são mais freqüentes pois as decisões partem de uma só pessoa.
O sistema representativo adotado pela igreja presbiteriana é um modelo sensato e coerente, pois não distribui responsabilidades de forma desordenada, colocando-a nas mãos de pessoas que ainda não estão amadurecidas suficientemente para assumi-las, nem concentra poderes nas mãos de um só indivíduo que pode se tornar um déspota.
Existem algumas atribuições dos presbíteros que você precisa conhecer. 1) Eles são responsáveis pelo rebanho; Deus lhes confiou a sua vida e daqueles que com você freqüenta uma igreja local. 2) Eles são ministro de Deus para a aplicação da disciplina. 3) Eles são responsáveis pela saúde do rebanho, portanto tem que ser prontos a agir quando a glória do evangelho está sendo maculada por causa de algum pecado grave cometido por alguém que esteja debaixo de seus cuidados. 4) Devem zelar pelo rebanho para que este esteja bem alimentado e isentos de heresias que podem contaminar a saúde de todo o rebanho. 5) Deve estar atento aos ataques externos do lobo para que esse não venha a dilacerar nenhuma ovelha; é importante lembrar: “Quanto mais gordo o rebanho, mais vistoso ele será para o lobo”. Para este ofício, por ser responsável pelo rebanho, ministro de Deus para a aplicação da disciplina, responsável pela saúde do rebanho, zeloso para que o rebanho esteja bem alimentado e atento aos ataques do lobo, não pode ser qualquer pessoa a assumir esse ofício. Deve ser alguém verdadeiramente vocacionada por Deus.
Ninguém deve assumir o ofício de presbítero se não tiver plena convicção do chamado divino. Portanto é importante entender o que Paulo quer dizer quando escreve: “Fiel é a palavra: se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja.” (I Tm 3.1).
I Timóteo 3.1 pode nos dar uma falsa impressão que basta querer, para se tornar um presbítero, pois Paulo diz que “...se alguém aspira...excelente obra almeja.” Por causa disso deve ficar bem claro que Ninguém deve assumir o ofício de presbítero se não tiver plena convicção do chamado divino.
O chamado de Deus para que os seus servos assumam uma posição de liderança na igreja de Cristo é confirmado através de uma convicção pessoal de que Deus está verdadeiramente chamando. Deus coloca no coração do homem o desejo de servir a igreja com mais dedicação e confirma isso com a escolha feita pela igreja.
Paulo quando afirma que aquele que aspira ao episcopado está almejando uma obra excelente; diz que esse desejo, quando colocado por Deus e confirmado, caracteriza um anseio admirável por 2 motivos: 1) A disposição de ser mais útil na obra de Deus; 2) Disposição de sofrer por causa do evangelho.
Deus deseja que todos os seus servos na igreja sejam atuantes e ativos na causa do evangelho, porém Ele levanta alguns homens para serem líderes do rebanho; nesse caso aqueles que sentem no coração o desejo de assumirem liderança na igreja estão oferecendo tempo e dedicação a Deus para serem usados por Ele; isso corresponde ao que Paulo fala: “...excelente obra almeja.” Mas isso é somente parte da verdade; o texto vai além disso.
Desejar o ofício de presbítero é um desejo digno porque aquele que deseja servir a Deus nesse ofício coloca-se à disposição para sofrer por causa do evangelho, pois é uma tarefa extremamente árdua e difícil. O desenvolvimento desse ofício exige do indivíduo resignação e coragem para sofrer. Muito mais do que a autoridade ou admiração que o título possa proporcionar, o que o aspira precisa considerar sobretudo a dificuldade e a luta que enfrentará e se é capaz de suportar tudo por amor a Cristo; por isso precisa ocorrer um chamado divino para que seja suportável o desempenho do ofício. É muito desolador alguém assumir esse ofício sem ser realmente chamado por Deus. Sofre o indivíduo, sofre a igreja e há prejuízos no avanço do evangelho. Isso ocorre, em alguns casos, resultado da precipitação da pessoa e da igreja ou da ignorância quanto ao chamado, vocação, exigências, responsabilidades e dificuldades do ofício.
Em especial no contexto de primeiro século não era algo muito fácil ser presbítero; a igreja era constantemente assolada pela perseguição que podia vir dos judeus ou dos gentios. Dentro da igreja havia ainda o dever de combater os falsos mestres que tentavam destruir os fundamentos da verdadeira fé em Deus.
Não é errado almejar esse ofício; isso se esclarece pelo próprio texto citado, mas a ambição não deve preceder o chamado divino. Aquele que deseja tem que ter convicção de que Deus, primeiro, o chama para essa posição na Sua igreja.
Aquele que almeja o ofício de presbítero deve também se colocar à inteira disposição de Deus, se submetendo a Ele para que Ele confirme isso através do voto da igreja. Caso isso não se confirme, não se deve entender que está sendo reprovado por Deus ou que não tenha a vocação para o ofício; podemos deduzir daí que Deus lhe concedeu uma oportunidade de se mostrar pronto para ser útil a causa de Cristo e sendo treinado no desenvolvimento da humildade, ou sendo testado no próprio chamado que será posteriormente confirmado; Deus pode não confirmar o chamado em determinado momento, mas isso não significa que o indivíduo não tenha uma vocação.A Bíblia nos diz que a quem muito é dado, muito será cobrado. É importante que o candidato possa mensurar a dimensão da responsabilidade que assume quando é ordenado nesse ofício. Deus, brevemente, nos cobrará aquilo que confiou em nossas mãos; Ele não perguntará quanto agradamos pessoas ou suportamos adversidades, mas sobretudo nos perguntará até onde fomos fiéis.